Get me outta here!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Nova Lei da Biodiversidade: o que devemos saber


         A Lei da Biodiversidade (Lei  13.123/2015) foi aprovada em novembro de 2015, e estabelece novas regras para “acesso ao patrimônio genético, acesso ao conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios”, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Alguns pesquisadores afirmam que a Lei tem como objetivo estimular as pesquisas de espécies e reduzir a burocracia que muitos pesquisadores tem ao estudar, pois será necessário apenas o registro das atividades de acesso ao patrimônio genético em um cadastro eletrônico, o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético -  SISGen, organizado pelo MMA. Mas, para muitos ambientalistas os projetos e as leis aprovadas até hoje, apesar de terem ampliado o acesso a biodiversidade, não protegem os povos indígenas e suas tradições culturais privilegiando apenas as empresas e não pensando na população e povos tradicionais.



Crédito: Brasil.gov.br


          O processo para gerar a regulamentação legal recebeu diversas contribuições da sociedade civil em audiências públicas, que colheram opiniões e sugestões para o texto da nova Lei. Mas a polêmica permanece. Veja os principais pontos sancionados pela Presidenta:

Acesso ao patrimônio genético: antes dessa lei as empresas tinham que encaminhar pedido de autorização prévia e aguardar a autorização para realizar algum tipo de pesquisa, hoje isso já pode ser feito através de regulamentação no SISGen, ainda em regulamentação;

Pagamento pela exploração: se o produto comercializado for da biodiversidade brasileira a empresa terá que repassar percentuais que variam de  0,1% a 1% da receita líquida anual obtida com a exploração econômica do produto. O dinheiro será destinado ao Fundo Nacional de Repartição de Benefícios;

Comunidades Tradicionais: populações e moradores de regiões preservadas,  como: índios, quilombolas, população ribeirinha, terão direito a participar  de reuniões e tomar decisões sobre assuntos relacionados a conservação e ao uso sustentável de seus conhecimentos tradicionais;

Livres de pagamento: microempresas, empresas de pequeno porte, além de microempreendedores individuais e cooperativas agrícolas estão isentos do pagamento pela exploração econômica do patrimônio genético de espécies encontradas no Brasil.

Isenção de infrações: anistia relacionada a multas que foram aplicadas na vigência da lei anterior;

Repartição de benefícios:  povos indígenas e comunidades tradicionais somente receberão a repartição de benefício quando o seu conhecimento for considerado elemento principal de agregação de valor ao produto.

          Em nome da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Elisa Romano defendeu a repartição de benefícios com as comunidades tradicionais e enumerou os avanços da nova lei, como a possibilidade de atrair novos negócios, dentro e fora do Brasil. 
Já os indígenas se pedem revogação da lei, afirmam que suas crenças e costumes não foram respeitados, e que não há valorização de seus conhecimentos sobre plantas e animais. A índia Pankararu Cristiane Julião, da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, de Minas Gerais e do Espírito Santo (Apoinme), veio do interior de Pernambuco para a audiência de discussão da Lei, mas não entrou no auditório:
“Achamos que seria uma afronta, um desrespeito com nós mesmos, participar e consensuar sobre algo que somos contra. Nos 48 minutos do segundo tempo nos trouxeram apenas para dizer sim. E nós dizemos não”. (Agência Brasil, 2015)

Cristiane disse ainda que que os povos tradicionais não foram consultados durante a elaboração da Lei. 
Já o diretor de Patrimônio Genético da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Rafael Marques, informou que a audiência foi organizada em parceria com os representantes indígenas para garantir que tivessem espaço no debate. Ele afirma ‘’A Lei determina que eles participem com direito a voto e voz”. 



Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil



Questão para debate:
O que você acha sobre a nova lei da biodiversidade? A quem ela favorece?



Autora :

Juliana Lima de Asevêdo de Avelar Almeida / Bolsista PIBEX
Licencianda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro


Referências:

Agência Brasil.  Indígenas se revoltam contra Lei da Biodiversidade. Disponível em :  http://brasileiros.com.br/2015/10/indigenas-se-revoltam-contra-lei-da-biodiversidade/ Acesso em : 24/01/2016

Assis, de Luciene. Cidadão contribui para Lei da Biodiversidade . Disponível em :< http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agencia-informma?view=blog&id=1223> > Acesso em :24/01/2016

Bensusan, Nurit.  Decreto de regulamentação da Lei da biodiversidade? Só em março... Disponível em: http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-ppds/decreto-de-regulamentacao-da-lei-de-biodiversidade-so-em-marco.  Acesso em :24/01/2016

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm. Acesso em : 24/01/2016.


Viana , Ana Paula Rogrigues . Nova lei sobre o uso sustentável da biodiversidade brasileira pede regulamentação. Disponível em : < http://mebbrasil.org.br/?p=2598> Acesso em : 24/01/2016

0 comentários:

Postar um comentário