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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Aborto, discutindo a questão

          Muitas mulheres que tem gravidez indesejada recorrem ao aborto, pelos mais variados motivos, como: estupro, falta de condições socioeconômicas para arcar com o sustento, mulheres que não querem ser mães no momento e em casos em que a saúde fetal é incerta. Contudo, será que esses fatores influenciam na decisão de tirar a vida que se inicia? Ou será que o feto ainda não é considerado um ser vivo?
O momento da união do espermatozoide com o óvulo, durante o ato sexual, é considerado por muitos como uma vida em potencial, o embrião. Porém, outros pesquisadores questionam essa ideia, considerando que um ser vivo só pode ser assim denominado quando possuir capacidade cerebral. Outros pesquisadores acham que a denominação ‘ser humano’ se aplica apenas ao indivíduo após seu nascimento, porque mesmo já sendo formado dentro do ventre da mãe, o feto é totalmente dependente para a sua alimentação, respiração e excreção e, portanto, não conseguiria sobreviver sozinho se não fosse a mãe para nutrir, dar abrigo e proteção.
Além das questões biológicas, há um posicionamento das religiões sobre o assunto. Diferentemente da Igreja Católica que considera o início da vida humana o momento da fecundação. Os anglicanos não veem o aborto como um pecado, assim como os luteranos. Embora se digam contrários, não pensariam em afastar uma fiel por ela ter decidido fazer um aborto.
Outra abordagem sobre o aborto está no posicionamento favorável do Professor Vladimir Safatle, Professor da Faculdade de Filosofia da USP. Segundo ele:  “A maneira com que certos grupos políticos e religiosos se utilizam do conceito de “vida” para unificar os dois fenômenos (dizendo que estamos diante da mesma “vida humana”) é apenas uma armadilha ideológica. A vida humana não é um conceito biológico, mas um conceito político no qual encontramos a sedimentação de valores e normas que nossa vida social compreende como fundamentais”.  Muitas pessoas pensam como ele, achando que cabe a mulher decidir o que fazer, já que o corpo é dela.





No Brasil a prática do aborto é considerada crime, pois o aborto só é permitido em caso de estupro ou quando há risco à vida da mãe. Em caso de deformidade, anomalia do feto também é permitido, mas apenas com ordem judicial. Para isso uma série de exames devem ser analisados para que seja provada a necessidade do aborto. Esse processo é demorado e muitas vezes o feto já está consideravelmente grande, a mãe já está passando por modificações no seu corpo  e o aborto com o feto desenvolvido ocasiona risco a segurança da mãe. Então, muitas mulheres não entram na justiça e acabam indo em clínicas clandestinas ou até mesmo tomando remédios abortivos sem acompanhamento médico.
O grande risco do aborto clandestino está nas clínicas que não são fiscalizadas e fazem isso de forma ilegal. Muitas mulheres têm diversas complicações no momento do aborto e muitas até perdem a vida. Isso poderia ser evitado com o uso de camisinhas, pílulas ou outros métodos contraceptivos. Não só a mãe, mas o parceiro tem que ter consciência disso.




O aborto é mais comum do que imaginávamos, conforme os dados da Pesquisa Nacional de Aborto no Brasil (2010), destacando que esses são dados de áreas urbanas, isto é, não incluem os abortos em todo o país.
Com esses argumentos, cabe a cada um de nós pensar sobre as responsabilidades envolvidas em gerar uma nova vida, em qual momento e sob quais condições.


Questão para debate:

Você acha que a lei ou a religião podem influenciar no momento desta escolha?


Fontes:
Ohara,N. Ethical Consideration of Experimenttation Using Living Human Embryos: the Catholic Church’s Position on Human Embryonic Stem Cell Researchh and Human Cloning. Clin. Exp. Obstet. Gynecol. 2003.30(2-3): pp 77-81. Acesso em: 11/01/2016.

Vladimir, Safatle. Claramente a favor do aborto.  Revista Carta Capital. Disponível em:< http://www.cartacapital.com.br/sociedade/claramente-a-favor-do-aborto>. Acesso em: 11/01/2016. 
Arthur, Joyce. Pessoalidade: O feto é um ser humano? Pelo direito e escolha da mulher. Disponível em :< http://pelosdireitosreprodutivos.blog.com/2011/08/01/pessoalidade-o-feto-e-um-ser-humano/>. Aceso em : 11/01/2016


 Cecatti, J.G.; Guerra, G.V.Q.L.; Sousa, M.H.; Menezes, G.M. Aborto no Brasil: um enfoque demográfico. Disponível em :< http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v32n3/a02v32n3>. Acesso em: 11/01/2016.

Diniz , Débora; Medeiros, Marcelo. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna. Disponível em : <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v15s1/002.pdf?hc_location=ufi.> Acesso em :11/01/2016.
                                                                     

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Autoria:

Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida
Licenciando em Ciencias  Biológicas_UFRJ


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