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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Produção do conhecimento científico: estaria o nosso método ultrapassado?



Para que um novo conhecimento seja aceito pela comunidade científica, pesquisadores devem redigir uma primeira versão de seus resultados sob a forma de artigo contendo todo o processo de elaboração científica, com observação, construção da hipótese ou hipóteses, experimentação – os materiais e os métodos, bem como apresentar o protocolo utilizado –, resultados, conclusões e apresentação da teoria. Essa primeira versão do artigo é chamada de “preprint” e deve ser encaminhada à revista na qual deseja-se que o trabalho seja publicado. Nesta fase, é comum os pesquisadores zelarem pelo sigilo de seus resultados, isto é, não os divulgam abertamente.



Após a submissão do preprint, o trabalho passa por um processo chamado de “revisão por pares” no qual os pareceristas da revista vão analisar toda a construção do artigo; o protocolo, os materiais, se os resultados são condizentes e possíveis tendo como base os experimentos realizados, se as conclusões descritas são coerentes com os resultados obtidos, se o espaço amostral foi respeitado, dentre outros detalhes. Após esta fase o artigo pode ser aceito e publicado, ou ser enviado de volta ao pesquisador para que ajustes sejam feitos e, depois disso, o trabalho pode ser aceito e publicado ou recusado.
Esta estrutura de divulgação de novos conhecimentos científicos é respeitada desde o século XX e é tida até hoje por muitos pesquisadores como essencial para a confiabilidade dos novos conhecimentos científicos. Entretanto, muitos cientistas, dentre eles os físicos e biólogos, vêm adotando uma nova estrutura de divulgação de suas pesquisas, na qual o preprint é divulgado online antes de passar pelo processo de revisão que descrevemos. Alguns pesquisadores explicam que “o escrutínio da comunidade contribuiu para aprimorar detalhes que não haviam despertado a atenção dos revisores”, justificando que o acesso da comunidade ao preprint tem colaborado para o avanço da pesquisa e para o aprimoramento de sua publicação.
Seria essa “inversão na ordem” um novo modelo de divulgação científica? Como lidar com as possíveis fraudes e má conduta da própria comunidade científica? De que forma a divulgação de um possível resultado “incorreto” afetaria a população de forma geral? Experimentos feitos por apenas um grupo de pesquisadores são suficientes para transformar uma hipótese em teoria? Não seria diferente o impacto desse novo modo de divulgação entre pessoas possuidoras de níveis de conhecimento distintos? Além disso, como seria para os autores dos resultados se outros colegas de profissão publicassem seus resultados sem o seu consentimento? Que impactos essas situações trariam às comunidades científicas? E as revistas científicas, estariam de acordo com esse novo método?


Questões como estas e outras precisam ser discutidas não só pela comunidade científica como por toda a população que a financia, uma vez que não sabemos quem poderá ser afetado por essa possível mudança no processo de construção e divulgação da ciência.
Discuta com seus alunos, informe-os sobre essa possível mudança e faça-os ponderar sobre possíveis ônus e bônus dessa “modernização” da construção do conhecimento científico.

 

Bibliografia

Esteves, Bernardo. Biólogos aderem à publicação de resultados sem revisão. Disponível em : <http://piaui.folha.uol.com.br/questoes-da-ciencia/biologos-aderem-a-publicacao-de-resultados-sem-revisao/>. Acesso em : 03 de julho de 2016.

Proficência. História do método científica. Disponível em:  <http://www.proficiencia.org.br/article.php3?id_article=489>. Acesso em: 03 de julho de 2016.

 


Autoria: Maria Carolina Pires de Andrade (Licencianda em Ciências Biológicas/ UFRJ/ Bolsista PIBEX).




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