Para que um novo conhecimento seja
aceito pela comunidade científica, pesquisadores devem redigir uma primeira
versão de seus resultados sob a forma de artigo contendo todo o processo de elaboração
científica, com observação, construção da hipótese ou hipóteses, experimentação
– os materiais e os métodos, bem como apresentar o protocolo utilizado –,
resultados, conclusões e apresentação da teoria. Essa primeira versão do artigo
é chamada de “preprint” e deve ser encaminhada à revista na qual deseja-se que
o trabalho seja publicado. Nesta fase, é comum os pesquisadores zelarem pelo
sigilo de seus resultados, isto é, não os divulgam abertamente.
Após a submissão do preprint, o
trabalho passa por um processo chamado de “revisão por pares” no qual os pareceristas
da revista vão analisar toda a construção do artigo; o protocolo, os materiais,
se os resultados são condizentes e possíveis tendo como base os experimentos
realizados, se as conclusões descritas são coerentes com os resultados obtidos,
se o espaço amostral foi respeitado, dentre outros detalhes. Após esta fase o
artigo pode ser aceito e publicado, ou ser enviado de volta ao pesquisador para
que ajustes sejam feitos e, depois disso, o trabalho pode ser aceito e
publicado ou recusado.
Esta estrutura de divulgação de
novos conhecimentos científicos é respeitada desde o século XX e é tida até
hoje por muitos pesquisadores como essencial para a confiabilidade dos novos
conhecimentos científicos. Entretanto, muitos cientistas, dentre eles os
físicos e biólogos, vêm adotando uma nova estrutura de divulgação de suas
pesquisas, na qual o preprint é divulgado online antes de passar pelo processo
de revisão que descrevemos. Alguns pesquisadores explicam que “o escrutínio da comunidade contribuiu para aprimorar detalhes
que não haviam despertado a atenção dos revisores”, justificando que o acesso
da comunidade ao preprint tem colaborado para o avanço da pesquisa e para o
aprimoramento de sua publicação.
Seria
essa “inversão na ordem” um novo modelo de divulgação científica? Como lidar
com as possíveis fraudes e má conduta da própria comunidade científica? De que
forma a divulgação de um possível resultado “incorreto” afetaria a população de
forma geral? Experimentos feitos por apenas um grupo de pesquisadores são suficientes
para transformar uma hipótese em teoria? Não seria diferente o impacto desse
novo modo de divulgação entre pessoas possuidoras de níveis de conhecimento
distintos? Além disso, como seria para os autores dos resultados se outros
colegas de profissão publicassem seus resultados sem o seu consentimento? Que
impactos essas situações trariam às comunidades científicas? E as revistas
científicas, estariam de acordo com esse novo método?
Questões
como estas e outras precisam ser discutidas não só pela comunidade científica
como por toda a população que a financia, uma vez que não sabemos quem poderá
ser afetado por essa possível mudança no processo de construção e divulgação da
ciência.
Discuta
com seus alunos, informe-os sobre essa possível mudança e faça-os ponderar
sobre possíveis ônus e bônus dessa “modernização” da construção do conhecimento
científico.
Bibliografia
Esteves, Bernardo. Biólogos aderem à publicação de
resultados sem revisão. Disponível em : <http://piaui.folha.uol.com.br/questoes-da-ciencia/biologos-aderem-a-publicacao-de-resultados-sem-revisao/>. Acesso em : 03 de julho de 2016.
Proficência. História do método científica. Disponível
em: <http://www.proficiencia.org.br/article.php3?id_article=489>. Acesso
em: 03 de julho de 2016.
Autoria: Maria Carolina Pires de Andrade (Licencianda em
Ciências Biológicas/ UFRJ/ Bolsista PIBEX).
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