No Brasil, em 1973, foi lançado um medicamento
para amenizar os efeitos da epilepsia, o Rivotril.
A droga passou a ser usada como tranquilizante, principalmente por apresentar
benefícios em relação a outros medicamentos usados na época. O clonazepam,
princípio ativo do medicamento Rivotril, do laboratório farmacêutico Roche,
pertence à classe farmacológica das benzodiazepinas, que agem diretamente sobre
o sistema nervoso central, afetando a mente e o humor. Em pouco tempo esse
medicamento se tornou um dos mais requisitados em farmácias e já esteve em
segundo lugar na lista dos mais vendidos no país. Entre agosto de 2011 e agosto
de 2012, o medicamento foi o 8º mais consumido no Brasil. No ano seguinte, o seu consumo ultrapassou os 13,8 milhões de caixas. Em 2015 foram 18 milhões de caixas vendidas
(Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA).
O Rivotril é um medicamento “tarja preta”, ou seja, tem
seu uso controlado e sua venda só é permitida com receita médica em função de
seus efeitos colaterais, além disso, o seu consumo excessivo pode gerar
dependência química, conforme a bula: “o uso de benzodiazepínicos pode levar ao
desenvolvimento de dependência física e psíquica”.
http://www.hypeness.com.br/
Mas se o Rivotril é um medicamento tarja preta, como se tornou o
medicamento da moda?
O Rivotril pode ser a
solução em casos de controle de
distúrbios epilépticos e casos graves de transtornos
de ansiedade, como a Síndrome
do Pânico. Porém seu uso apresenta altos índices de
dependência e efeitos colaterais que incluem depressão, alucinações,
amnésia, tentativas de suicídio e dificuldades para articular a fala.
Entretanto, com sua
popularização, o remédio hoje é usado como o medicamento capaz de curar
qualquer problema do dia-a-dia, principalmente entre executivos que sofrem
muita pressão no trabalho, crianças e jovens hiperativos, muitas vezes de forma
ilegal, sem a receita médica.
“Comecei
a tomar o Rivotril por indicação médica, inicialmente contra crises de pânico, fobia social e
insônia aliado ao uso de fluoxetina contra depressão. No início foi ótimo, como tinha
dificuldade de fazer provas e ir à faculdade, o medicamento me tranquilizava. O
que era para ser de maneira esporádica passou a ser frequente, passei a tomar o Rivotril para insônia
antes mesmo de tentar dormir. Após o uso excessivo e diante de uma crise no
final de um semestre acabei sendo internado em
uma clínica por uma semana...”.
O
depoimento é do jovem Alexandre (nome fictício) que acrescenta que teve acompanhamento psiquiátrico durante todo o tempo de consumo do
medicamento e, após
internação, preferiu a terapia cognitiva como aliada contra as
crises de pânico e a insônia.
Segundo Maurício Viotti
Daker, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG, não se deve,
de forma alguma, desmerecer a condição de quem realmente precisa fazer uso
desses remédios:
“Depressão é uma doença e não deve ser
confundida com a tristeza, sentimento comum que nos acomete. O clonazepam atua
imediatamente e traz um alívio imediato para situações de fortes crises para
quem sofre de um mal psíquico e pode estar à beira de fazer alguma bobagem contra
si mesmo. Mas não se deve esquecer do seu potencial de gerar dependência. É
algo que já tem que ser colocado como temporário, um tratamento com duração de
duas a três semanas, até começa a reduzir ou usar só nas crises”,
orienta o professor.
Em contrapartida a Roche,
fabricante de Rivotril (clonazepam), esclarece que as vendas do medicamento
permanecem estáveis nos últimos anos no Brasil, embora a classe terapêutica CT4
e a substância clonazepam tenham crescido recentemente. A companhia reitera
que somente o médico pode prescrever o medicamento, por meio de uma receita
retida e controlada pela ANVISA, considerando as necessidades médicas de cada
paciente.
Para debate:
Gostaríamos de saber a sua
opinião: medicamentos são drogas que podem produzir efeitos colaterais, o
Rivotril, por exemplo, pode causar sonolência, desatenção, dificuldade de
compreensão, então o que justificaria seu uso exagerado em crianças e jovens em
idade escolar?
Bibliografia:
Tarja preta x tarja
vermelha: entenda as diferenças. Disponível em: <http://www.hipolabor.com.br/blog/2014/07/17/tarja-preta-x-tarja-vermelha-entenda-diferencas/
>. Acesso em: 20/06/2016.
DUTRA, Mari. Rivotril, um dos
remédios mais vendidos do Brasil e que é uma febre entre executivos. Disponível em: <http://www.hypeness.com.br/2015/01/rivotril-como-um-remedio-tarja-preta-se-tornou-um-dos-mais-vendidos-do-brasil/>. Acesso em: 20/06/2016.
FRANÇA, Bárbara. Nação Rivotril.
Disponível em: <http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/na%C3%A7%C3%A3o-rivotril-1.1180024>. Acesso em:
20/06/2016.
MATUOKA, Ingrid. Rivotril, a droga da paz química. Disponível em:
. Acesso em: 20/06/2016.
Autoria : Juliana Lima de Asevêdo de
Avelar de Almeida /
Licencianada em Licenciatura em Ciências
Biológicas. Bolsista Pibex/Ufrj.
0 comentários:
Postar um comentário