Dentre os assuntos mais comentados nos últimos dias está o rompimento
da barragem nos distritos de Mariana e Bento Rodrigues, em Minas Gerais. Construída
para a captação de rejeitos da extração de minério de ferro, a barragem da
mineradora Samarco rompeu causando o maior desastre ambiental brasileiro, uma
tragédia que trouxe mortes, poluição e destruição de leito e margens do Rio
Doce, causou o alagamento de habitações, riscos de desmoronamento e muito mais.
Existe um responsável pela tragédia? Há possibilidade de recuperação dos
ecossistemas destruídos?
Sabe-se que 50% da empresa Samarco pertence à Companhia Vale e a outra
metade pertence
à empresa anglo-australiana BHP Billiton. A Vale, por sua vez, é controlada
pela Valepar, cujos donos se dividem entre empresas e acionistas brasileiros e
estrangeiros. De qualquer forma a Samarco – com a metade anglo-australiana e
com esses investidores estrangeiros da Vale – tem mais da metade de suas ações
nas mãos de estrangeiros, segundo o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas.
Desastres e
impactos ambientais provocados pela mineração são recorrentes, mas empresas
continuam mantendo o modo de exploração, sem investir em novas tecnologias ou
se preocupar com o que pode ocorrer ao meio ambiente. Em 2013, foi feito um
laudo das barragens de Mariana e Bento Gonçalves que apontou problemas nas
barragens, que já estariam com suas estruturas condenadas, mas nada foi feito e
o rompimento se concretizou.
Após a tragédia foi
aberto um inquérito para saber os reais motivos que levaram a esse acidente, o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto que está apurando o
caso, declarou:
“Estamos na fase de apurar quais são os fatos. Nenhuma
barragem se rompe por acaso. Seguindo neste contexto, temos que identificar
qual foi a causa; se de má operação da empresa ou falha no monitoramento. Não
podemos encarar como acidente um fato deste tamanho.”
Até o momento há quatro hipóteses que explicariam as
causas do desastre:
1- Se as condicionantes exigidas à Samarco no licenciamento
da barragem estavam sendo cumpridos;
2-Se ocorreu explosão de uma mina da Vale próximo ao
local do rompimento;
3- Se houve um possível abalo sísmico;
4-Se as obras de alteamento da barragem causaram o
rompimento.
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Com a tragédia,
várias pessoas ficaram sem abrigo e estão sendo impedidas de ajudar nas buscas
de parentes e pessoas próximas que podem estar ainda soterradas, principalmente
devido à contaminação da lama por metais pesados. Lama e detritos da barragem
estão impactando outros municípios, deixando algumas pessoas sem água, como em
Governador Valadares, matando peixes e crustáceos da mais importante bacia
hidrográfica do sudeste. Estima-se que
62 bilhões de litros de lama com metais tóxicos vão desaguar no litoral do
Espírito Santo.
Foto: Gustavo
Ferreira
A lama que está sendo escoada nas correntezas do Rio Doce irá trazer danos que podem ser irreversíveis tanto a fauna, como a flora da região. A quantidade de materiais em suspensão e a própria lama, está asfixiado os animais aquáticos e modificando o ciclo da cadeia alimentar. Como isso, o ecossistema se modificará por anos. O professor de geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Cleuber Moraes Brito, que é consultor na área de meio ambiente e mineração, disse: "Essa lama avermelhada deve causar danos em todo o ecossistema da região, impactando por muitos anos seus rios, fauna, solo e até os moradores, no sentido de que o trabalho deles, como a agricultura, pode-se tornar impraticável”.
No comunicado 30, de 16 de novembro, a Samarco afirma
que para preservar a fauna de Minas e espírito Santo, tem monitorado e
resgatado animais atingidos. “Os peixes ameaçados de extinção e/ou
endêmicos estão sendo acomodados em tanques de piscicultura para que, no
futuro, sejam devolvidos para a natureza”. No mesmo dia a empresa indica as
ações tomadas:
“Em Barra Longa (MG), cerca de 300 profissionais entre
empregados da Samarco e de empresas terceirizadas atuam na limpeza e
reconstrução de vias e casas da cidade. Desde o dia 9 de novembro, a empresa
tem enviado, diariamente, uma média de 40 pessoas para contribuir com o
trabalho de recuperação.
Para prestar assistência às famílias atingidas foram
entregues, por meio da Prefeitura do município, três mil cestas básicas, mil
colchões, cerca de nove mil litros de material de limpeza, 48 mil litros de
água mineral, além de utensílios de limpeza domésticos (...)Até que as
residências sejam restabelecidas para moradia, a Samarco esta providenciando a
locação de casas mobiliadas para abrigar as famílias, que receberão a visita de
assistentes sociais nas próximas semanas.
As obras na escola de educação infantil estão em andamento e
com término previsto para o dia 18 de novembro. Na volta às aulas, as crianças
receberão um kit de materiais escolares contendo mochila, caderno, lápis, lápis
de cor e canetas”.
Para Altamir
Rôsso, secretário de Desenvolvimento Econômico de MG, a Samarco “é uma das empresas
que mais se preocupam com segurança e com o meio ambiente. Todas as licenças da
empresa estão devidamente corretas e tudo foi feito para que isso não ocorresse”.
Questões
para esquentar o debate
Na sua opinião, de
quem é a culpa do desastre – governos – federal, estadual e municipais,
mineradora, órgãos ambientais de fiscalização, a população?
Na sua opinião, será possível reparar os estragos
causados pelo rompimento da barragem?
Autoria:Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida - Licencianda em Ciências Biológicas (Bolsista PIBEX- UFRJ)
Referências bibliográficas:
AGÊNCIA BRASIL.Tribuna de minas. Barragem se rompe em distrito de Mariana. Disponível em: <http://www.tribunademinas.com.br /101238/>. Acesso em 11 de novembro de 2015
DO VALE, João Henrique. Não foi acidente, diz promotor sobre desastre
ambiental em Mariana. Disponível em : <http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/09/interna_gerais,706046/nao-foi-acidente-diz-promotor-sobre-desastre-ambiental-em-mariana.shtml>. Acesso
em 11 de novembro de 2015.
PORTAL IBASE. Basta! Chega de mortes, destruição e sofrimento para
saciar a voracidade da mineração! Brasil de Fato. Por: Comitê
Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. Disponível
em: <http://ibase.br/pt/noticias/solidariedade/>. Acesso em 11 de
novembro de 2015.
PORTO, Bruno. Secretário de Estado classifica a Samarco como vítima do
rompimento. Disponível em:<http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/secretario-de-estado-classifica-a-samarco-como-vitima-do-rompimento-1.357974>.
Acesso em 11 de novembro de 2015.
SAMARCO. Ações prioritárias em barra longa. Disponível em: http://www.samarco.com/index.php/ 2015/11/16/report-31/. Acesso em 16 de novembro de
2016.
TRIBUNA DE MINAS. Barragem se rompe
em distrito de Mariana. Disponível em : <http://www.tribunademinas.com.br/101238/ >.
Acesso em 11 de novembro de 2015.
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