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terça-feira, 17 de novembro de 2015

No Rio que era Doce, acidente ou irresponsabilidade?

Dentre os assuntos mais comentados nos últimos dias está o rompimento da barragem nos distritos de Mariana e Bento Rodrigues, em Minas Gerais. Construída para a captação de rejeitos da extração de minério de ferro, a barragem da mineradora Samarco rompeu causando o maior desastre ambiental brasileiro, uma tragédia que trouxe mortes, poluição e destruição de leito e margens do Rio Doce, causou o alagamento de habitações, riscos de desmoronamento e muito mais. Existe um responsável pela tragédia? Há possibilidade de recuperação dos ecossistemas destruídos?





Fonte: Hoje em Dia.



Sabe-se que 50% da empresa Samarco pertence à Companhia Vale e a outra metade pertence à empresa anglo-australiana BHP Billiton. A Vale, por sua vez, é controlada pela Valepar, cujos donos se dividem entre empresas e acionistas brasileiros e estrangeiros. De qualquer forma a Samarco – com a metade anglo-australiana e com esses investidores estrangeiros da Vale – tem mais da metade de suas ações nas mãos de estrangeiros, segundo o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.
Desastres e impactos ambientais provocados pela mineração são recorrentes, mas empresas continuam mantendo o modo de exploração, sem investir em novas tecnologias ou se preocupar com o que pode ocorrer ao meio ambiente. Em 2013, foi feito um laudo das barragens de Mariana e Bento Gonçalves que apontou problemas nas barragens, que já estariam com suas estruturas condenadas, mas nada foi feito e o rompimento se concretizou.
Após a tragédia foi aberto um inquérito para saber os reais motivos que levaram a esse acidente, o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto que está apurando o caso, declarou:
Estamos na fase de apurar quais são os fatos. Nenhuma barragem se rompe por acaso. Seguindo neste contexto, temos que identificar qual foi a causa; se de má operação da empresa ou falha no monitoramento. Não podemos encarar como acidente um fato deste tamanho.”

Até o momento há quatro hipóteses que explicariam as causas do desastre:
1- Se as condicionantes exigidas à Samarco no licenciamento da barragem estavam sendo cumpridos; 
2-Se ocorreu explosão de uma mina da Vale próximo ao local do rompimento;
3- Se houve um possível abalo sísmico;
4-Se as obras de alteamento da barragem causaram o rompimento.

Com a tragédia, várias pessoas ficaram sem abrigo e estão sendo impedidas de ajudar nas buscas de parentes e pessoas próximas que podem estar ainda soterradas, principalmente devido à contaminação da lama por metais pesados. Lama e detritos da barragem estão impactando outros municípios, deixando algumas pessoas sem água, como em Governador Valadares, matando peixes e crustáceos da mais importante bacia hidrográfica do sudeste.  Estima-se que 62 bilhões de litros de lama com metais tóxicos vão desaguar no litoral do Espírito Santo.

              Foto: Gustavo Ferreira




A lama que está sendo escoada nas correntezas do Rio Doce irá trazer danos que podem ser irreversíveis tanto a fauna, como a flora da região.  A quantidade de materiais em suspensão e a própria lama, está asfixiado os animais aquáticos e modificando o ciclo da cadeia alimentar. Como isso, o ecossistema se modificará por anos. O professor de geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Cleuber Moraes Brito, que é consultor na área de meio ambiente e mineração, disse: "Essa lama avermelhada deve causar danos em todo o ecossistema da região, impactando por muitos anos seus rios, fauna, solo e até os moradores, no sentido de que o trabalho deles, como a agricultura, pode-se tornar impraticável”.
No comunicado 30, de 16 de novembro, a Samarco afirma que para preservar a fauna de Minas e espírito Santo, tem monitorado e resgatado animais atingidos.Os peixes ameaçados de extinção e/ou endêmicos estão sendo acomodados em tanques de piscicultura para que, no futuro, sejam devolvidos para a natureza”. No mesmo dia a empresa indica as ações tomadas:
“Em Barra Longa (MG), cerca de 300 profissionais entre empregados da Samarco e de empresas terceirizadas atuam na limpeza e reconstrução de vias e casas da cidade. Desde o dia 9 de novembro, a empresa tem enviado, diariamente, uma média de 40 pessoas para contribuir com o trabalho de recuperação.
Para prestar assistência às famílias atingidas foram entregues, por meio da Prefeitura do município, três mil cestas básicas, mil colchões, cerca de nove mil litros de material de limpeza, 48 mil litros de água mineral, além de utensílios de limpeza domésticos (...)Até que as residências sejam restabelecidas para moradia, a Samarco esta providenciando a locação de casas mobiliadas para abrigar as famílias, que receberão a visita de assistentes sociais nas próximas semanas.
As obras na escola de educação infantil estão em andamento e com término previsto para o dia 18 de novembro. Na volta às aulas, as crianças receberão um kit de materiais escolares contendo mochila, caderno, lápis, lápis de cor e canetas”.
Para Altamir Rôsso, secretário de Desenvolvimento Econômico de MG, a Samarco “é uma das empresas que mais se preocupam com segurança e com o meio ambiente. Todas as licenças da empresa estão devidamente corretas e tudo foi feito para que isso não ocorresse”.



Questões para esquentar o debate
Na sua opinião, de quem é a culpa do desastre – governos – federal, estadual e municipais, mineradora, órgãos ambientais de fiscalização, a população?
Na sua opinião, será possível reparar os estragos causados pelo rompimento da barragem?





Autoria:Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida  - Licencianda em Ciências Biológicas (Bolsista PIBEX- UFRJ)

Referências bibliográficas:


 AGÊNCIA BRASIL.Tribuna de minas. Barragem se rompe em distrito de Mariana. Disponível em: <http://www.tribunademinas.com.br /101238/>. Acesso em 11 de novembro de 2015

DO VALE, João Henrique. Não foi acidente, diz promotor sobre desastre ambiental em Mariana. Disponível em : <http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/09/interna_gerais,706046/nao-foi-acidente-diz-promotor-sobre-desastre-ambiental-em-mariana.shtml>. Acesso em 11 de novembro de 2015.

PORTAL  IBASE. Basta! Chega de mortes, destruição e sofrimento para saciar a voracidade da mineração! Brasil de Fato. Por: Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. Disponível em: <http://ibase.br/pt/noticias/solidariedade/>. Acesso em 11 de novembro de 2015.

PORTO, Bruno. Secretário de Estado classifica a Samarco como vítima do rompimento. Disponível em:<http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/secretario-de-estado-classifica-a-samarco-como-vitima-do-rompimento-1.357974>. Acesso em 11 de novembro de 2015.

SAMARCO. Ações prioritárias em barra longa. Disponível em: http://www.samarco.com/index.php/ 2015/11/16/report-31/. Acesso em 16 de novembro de 2016.


TRIBUNA DE MINAS. Barragem se rompe em distrito de Mariana. Disponível em : <http://www.tribunademinas.com.br/101238/ >. Acesso em 11 de novembro de 2015.







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