Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014)
o vírus Ebola provoca uma doença aguda, grave, que muitas vezes é fatal se não
tratada. A doença do vírus Ebola
apareceu pela primeira vez em 1976, em dois focos simultâneos, um em
Nzara, no Sudão, e o outro em Yambuku, na República Democrática do Congo,
seguido pelo foco em uma vila perto do Rio Ebola, que acabou por batizar a
doença.
O atual surto na África Ocidental, cujos primeiros
casos foram notificados em fevereiro de 2014, é o maior e mais complexo surto
de Ebola verificado, com mais casos e mortes neste surto do que em todos os
anteriores. O vírus se espalhou entre os países que começam na Guiné, em
seguida, espalhou-se para além das fronteiras terrestres, atingindo Serra Leoa
e a Libéria. Nestes países, entre fevereiro e agosto matou mais de 1.000
pessoas. Por via aérea (apenas 1 viajante disseminou este foco da doença) chegou à Nigéria, e por terra (também levado
por 1 viajante) atingiu o Senegal. Um surto isolado, não relatado do Ebola
começou em Boende, Equateur, uma parte isolada da República Democrática do
Congo.
Os países mais severamente afetados - Guiné,
Serra Leoa e Libéria - têm sistemas de saúde insuficientes para impedir a
doença, não dispõem de recursos humanos e de infra-estrutura, tendo apenas recentemente
emergido de longos períodos de guerra civil e de instabilidade política. Em 8
de agosto de 2014, a Chefe da OMS declarou este surto “é uma “emergência de
saúde pública internacional, que exige uma resposta extraordinária para ser
contido”. “Os países
afetados até o momento simplesmente não têm a capacidade de gerenciar um surto
desta dimensão e complexidade por conta própria", disse Margaret Chan.
A
família de vírus Filoviridae inclui
três gêneros: Cuevavirus, Marburgvirus e
Ebolavirus. Existem 5 espécies que foram identificadas: Zaire, Bundibugyo, Sudão, Reston e Floresta
Tai. O três primeiros, Bundibugyo
ebolavirus, Zaire ebolavirus e Sudão ebolavirus têm sido associados
com grandes surtos na África. O vírus que vem causando o surto, em 2014, no Oeste
Africano pertence à espécie Zaire (OMS, 2014).
Imagem:
Organização Panamericana de Saúde
O vírus ebola é transmitido
através do contato direto com fluidos corporais (sangue, urina, fezes, saliva
etc), com a pele de pessoas ou animais infectados e pelo contato indireto em
ambientes que foram contaminados (lençóis, roupas etc). Provoca febre,
hemorragias, vômitos e diarreia. No dia 5 de janeiro a OMS afirmou que 8.153
pessoas morreram, de 20.656 casos conhecidos
na Libéria, Serra Leoa e Guiné.
VanRooyen professor de saúde global e da população na Harvard School of Public Health e Dyann Wirth diretora do Harvard
Malaria Initiative afirmaram que é provável que os casos não tratados de Ebola cheguem aos Estados Unidos e a outros
países desenvolvidos, mesmo se
espalhando entre um pequeno número de indivíduos. Já a União Europeia classificou o
risco de propagação do Ebola no continente europeu como fraco, e afirmaram que
no caso de contaminação estão preparados para enfrentá-lo.
Embora o Ebola tenha sido identificado
pela primeira vez em 1976, a atual epidemia destacou lacunas no conhecimento sobre a doença, disse o Dra. Wirth. Ela vem trabalhando em uma
vacina contínua, mas ressaltou que as escolhas difíceis pela frente serão sobre onde colocar recursos limitados de saúde pública. Tal fato se destaca a partir da
crise financeira mundial e dos cortes nas verbas para saúde pública. Embora a epidemia tenha chamado atenção do mundo e de ter superado de longe o número de
vítimas e infectados
anteriores com o Ebola, o número de mortos continua
a ser relativamente pequeno em comparação com outras doenças
infectocontagiosas.
A malária, por
exemplo, já matou cerca de 300.000 a 400.000 crianças
com menos de 5 anos de idade apenas nos meses do
atual surto de Ebola, disse a Dra. Wirth. E afirma que os líderes globais de saúde vão continuar a equilibrar as prioridades entre as necessidades já existentes na área de saúde e de novas doenças, como Ebola e SARS.
“O Ebola está matando pessoas neste momento,
mas também a malária, o HIV, a diarreia em crianças, assim também como as complicações
relacionadas com a gravidez", disse Lynn Black, presidente do conselho de
administração da Last Mile Health. “A questão é se o confronto com o ebola vai
realmente fortalecer os sistemas de saúde”.
Paul Farmer, professor de Harvard, que trabalhou
nas regiões mais pobres do Haiti, África, e outras partes do mundo, afirma:
“ninguém deveria estar morrendo de Ebola. Se tivéssemos o pessoal, material e sistemas adequados de saúde, poderíamos levar cuidados médicos e tratar os doentes. Afinal, até o momento, a maioria dos americanos atingidas pelo Ebola sobreviveram”.
O que
acelerou a propagação da doença, de acordo com Farmer, foi a falta de um
sistema de saúde que pudesse prestar assistência adequada. Cerca de 90 a 95% da
Libéria não tem eletricidade, e há uma "enorme quantidade de trabalho a
ser feito para obter os sistemas de saúde, mesmo para um nível medíocre”,
afirmou. "Surtos são inevitáveis. As epidemias são opcionais”, conclui Farmer,
citando o médico americano Larry Brilliant, que ajudou a liderar os esforços
globais para erradicar a varíola.
QUESTÃO
PRA DEBATE:
Uma mulher que tinha viajado para
região onde o vírus é disseminado ficou doente com febre e dor nas articulações.
A mulher foi para uma clínica local e ao ver os sintomas e histórico de viagem
da mulher, os médicos chamaram a polícia, o que a levou a fugir da clínica. A
mulher morreu uma semana depois. Depois disso, sua irmã, marido e filho
desenvolveram os sintomas do Ebola. Eles foram para um hospital do governo, e
quando os médicos decidiram colocá-los em quarentena, o marido e o filho
fugiram, atravessando a fronteira para a Guiné.
A partir desse caso discuta como
a relação entre prevenção e informação pode ajudar no combate ao Ebola e a
outras doenças infecto contagiosas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- World
Health Organization. Ebola virus disease. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs103/en/>.
Acesso em: 5 de Jan 2015.
- POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Ebola’s ripple
effects. Disponível em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/09/ebolas-ripple-effects/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=09.11.2014%20%281%29>.
Acesso em: 18 de Dez 2014.
- POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Fewer clinics, less care. Disponível
em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/08/fewer-clinics-less-care/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=08.18.2014%20%282%29>.
Acesso em: 18 de Dez 2014.
- POWELL, Alvin; Harvard
Staff Writer. Harvard
Gazette. Confronting Ebola.
Disponível
em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/09/together-against-ebola/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=10.01.2014%20%281%29>.
Acesso em: 03 de Jan 2015.
- POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Epidemics
are optional. Disponível em: < http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/12/epidemics-are-optional/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=12.11.2014%201>.
Acesso em: 03 de Jan 2015.
Assista este vídeo para esquentar o debate:
Autoria
Carlos Victor Dourado Batista - Bacharelando em Ciências Biológicas
Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida - Licencianda em Ciências Biológicas
Instituto de Biologia - UFRJ
0 comentários:
Postar um comentário