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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O uso de animais em pesquisas científicas é um procedimento realmente necessário?

O uso de animais em pesquisas científicas é um procedimento realmente necessário?


Grande parte dos produtos comercializados, antes de serem consumidos pelos seres humanos, são submetidos a procedimentos-testes, como por exemplo, remédios, cosméticos e higiene pessoal. Tais procedimentos, hoje em dia, são realizados em animais criados em laboratório, sendo a grande maioria camundongos (72%). Outros animais também podem ser utilizados para que os produtos possam receber aprovação para consumo humano: peixes, cerca de 13%; pássaros, cerca de 4%; cachorros, gatos e macacos, que totalizam menos de 0,5%. O uso destes animais para teste tem gerado muita polêmica entre cientistas e ativistas que defendem o direito dos animais. Discute-se incessantemente a real necessidade de utilização de animais para testes em produtos, principalmente, em produtos de beleza.


Claude Bernard (1813-1878) era um fisiologista francês, ou seja, estudava o funcionamento dos organismos. Para isto, ele mantinha um biotério e um laboratório nos porões de sua casa porque julgava muito necessária a utilização de animais vivos para as pesquisas científicas. Sua esposa e sua filha, cansadas de ouvir os gritos dos animais que eram torturados, saíram de casa e criaram a primeira sociedade francesa em defesa dos animais. Desde então, outras fundações surgiram e a polêmica só cresceu.


Muitos cientistas declaram que no momento não é viável realizar experimentações científicas sem o uso de animais já que as interações entre células são muito complexas e ainda não foi possível imitá-las, por isso elegem os animais criados em laboratórios para modelos experimentais. Ao mesmo tempo, defendem a Lei Nº 11.794/2008, também conhecida como Lei Arouca, que estabelece, através da Constituição Federal, os procedimentos para o uso científico de animais e a seguem rigorosamente.  As empresas médicas também concordam que sem a experimentação nos animais o entendimento das doenças humanas e o desenvolvimento de novos tratamentos serão prejudicados.


Por outro lado estão os ativistas, que usam de todos os métodos necessários para a erradicação de procedimentos-testes em animais. Afirmam que 65% dos experimentos são realizados sem anestesia, podendo ou não envolver o ato da vivissecção, que consiste na dissecação (separação de partes do corpo de um organismo) de animais vivos com a finalidade de estudos. Além disso, também alegam que já existem inúmeros métodos eficientes e eficazes que podem e já estão sendo usados nessa área e que a utilização de animais em pesquisas. É um retrocesso e um desrespeito à vida.
Segundo a ECEAE (European Coalition to End Animal Experiments), 12 milhões de animais são usados anualmente nos laboratórios europeus. A cada 10 minutos, 137 animais sofrem em experimentos cruéis e dolorosos. Um exemplo da crueldade está em testes do botox, usado para suavizar rugas:

“Cada lote de botox que é posto à venda foi testado em centenas de ratinhos usando o controverso teste de envenenamento por Dose Letal. O teste é chamado LD50 (Letal Dose ou Dose Letal) porque na experiência se procura a dose que matará 50% dos ratinhos – o que causa um sofrimento horrível. Os ratinhos são infectados na barriga com  botox e depois observados para que se vejam quantos morrem. Os ratinhos começam a ficar paralisados, tentando respirar e, se deixados abandonados, sufocarão até morrer”.

Questões para debate:
  • Você defende a utilização de animais para pesquisas científicas? Quais dos envolvidos no debate (ativistas e cientistas) você acredita que possuem uma justificativa mais aceitável?
  • Você acredita que há como usar animais para testes de maneira controlada e de forma que não cause sofrimento aos bichos ou que a ciência deve se preocupar em desenvolver ferramentas que sejam eficientes para a experimentação?
  • Algumas frases inspiradoras para ajudar no debate. Elas são de Donna Haraway, filósofa, escritora e professora:
- “Não é matar que nos leva ao exterminismo, mas sim tornar os animais matáveis.”

- “Considerar os animais como sistemas de produção e como tecnologias não é nenhuma novidade. Levar os animais a sério como trabalhadores sem os confortos das estruturas humanistas para pessoas e animais talvez seja algo novo e possa ajudar a conter as máquinas de matar.”

Bibliografia: 


Fontes das imagens:

  • Vista-se.com.br  - portal sobre veganismo e Direitos Animais do Brasil. (http://vista-se.com.br/veja-o-que-pensa-a-comunidade-cientifica-brasileira-sobre-testes-em-animais-para-produtos-cosmeticos/)
  • Projeto Cienciando - divulgação de inovações, avanços e conteúdos da área de Ciências em geral. (http://projetocienciando.blogspot.com.br/2012/05/experimentacao-animal-crueldade-ou.html)
  • Brasil escola (http://www.brasilescola.com/animais/animais-laboratorio.htm)

Autoria: 

Maiara Pereira Barreto (Licencianda de Ciências Biológicas – UFRJ / Bolsista PIBEX – IB – FE – UFRJ)

David Geber (Graduando de Ciências Biológicas – UFRJ / Laboratório de Vertebrados – UFRJ)

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Um comentário:

  1. O que mais me chocou ao pesquisar o tema foram as fotos com a tortura de animais.

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