O uso de
animais em pesquisas científicas é um procedimento realmente necessário?
Grande parte dos produtos comercializados, antes de serem
consumidos pelos seres humanos, são submetidos a procedimentos-testes, como por
exemplo, remédios, cosméticos e higiene pessoal. Tais procedimentos, hoje em
dia, são realizados em animais criados em laboratório, sendo a grande maioria
camundongos (72%). Outros animais também podem ser utilizados para que os
produtos possam receber aprovação para consumo humano: peixes, cerca de 13%;
pássaros, cerca de 4%; cachorros, gatos e macacos, que totalizam menos de 0,5%.
O uso destes animais para teste tem gerado muita polêmica entre cientistas e
ativistas que defendem o direito dos animais. Discute-se incessantemente a real
necessidade de utilização de animais para testes em produtos, principalmente,
em produtos de beleza.
Claude Bernard (1813-1878) era um fisiologista francês, ou
seja, estudava o funcionamento dos organismos. Para isto, ele mantinha um
biotério e um laboratório nos porões de sua casa porque julgava muito
necessária a utilização de animais vivos para as pesquisas científicas. Sua esposa
e sua filha, cansadas de ouvir os gritos dos animais que eram torturados,
saíram de casa e criaram a primeira sociedade francesa em defesa dos animais.
Desde então, outras fundações surgiram e a polêmica só cresceu.
Muitos cientistas declaram que no momento não é viável realizar
experimentações científicas sem o uso de animais já que as interações entre
células são muito complexas e ainda não foi possível imitá-las, por isso elegem
os animais criados em laboratórios para modelos experimentais. Ao mesmo tempo,
defendem a Lei Nº 11.794/2008, também conhecida como Lei Arouca, que
estabelece, através da Constituição Federal, os procedimentos para o uso
científico de animais e a seguem rigorosamente.
As empresas médicas também concordam que sem a experimentação nos
animais o entendimento das doenças humanas e o desenvolvimento de novos tratamentos
serão prejudicados.
Por outro lado estão os ativistas, que usam de todos os
métodos necessários para a erradicação de procedimentos-testes em animais. Afirmam
que 65% dos experimentos são realizados sem anestesia, podendo ou não envolver
o ato da vivissecção, que consiste na dissecação (separação de partes do corpo
de um organismo) de animais vivos com a finalidade de estudos. Além disso,
também alegam que já existem inúmeros métodos eficientes e eficazes que podem e
já estão sendo usados nessa área e que a utilização de animais em pesquisas. É
um retrocesso e um desrespeito à vida.
Segundo a ECEAE (European Coalition to End Animal
Experiments), 12 milhões de animais são usados anualmente nos laboratórios
europeus. A cada 10 minutos, 137 animais sofrem em experimentos cruéis e
dolorosos. Um exemplo da crueldade está em testes do botox, usado para suavizar rugas:
“Cada lote de botox que é posto à venda foi testado em centenas de ratinhos usando o controverso teste de envenenamento por Dose Letal. O teste é chamado LD50 (Letal Dose ou Dose Letal) porque na experiência se procura a dose que matará 50% dos ratinhos – o que causa um sofrimento horrível. Os ratinhos são infectados na barriga com botox e depois observados para que se vejam quantos morrem. Os ratinhos começam a ficar paralisados, tentando respirar e, se deixados abandonados, sufocarão até morrer”.
Questões para debate:
- Você defende a utilização de animais para pesquisas científicas? Quais dos envolvidos no debate (ativistas e cientistas) você acredita que possuem uma justificativa mais aceitável?
- Você acredita que há como usar animais para testes de maneira controlada e de forma que não cause sofrimento aos bichos ou que a ciência deve se preocupar em desenvolver ferramentas que sejam eficientes para a experimentação?
- Algumas frases inspiradoras para ajudar no debate. Elas são de Donna Haraway, filósofa, escritora e professora:
Bibliografia:
- Projeto Esperança Animal (PEA). Disponível em: http://www.pea.org.br/crueldade/testes/#50. Acesso em: 12 de agosto de 2014.
- Precisamos de animais na pesquisa científica? Disponível em: http://hypescience.com/precisamos-de-animais-na-pesquisa-cientifica/. Acesso em: 12 de agosto de 2014.
- TORRES, Lúcia Beatriz. Sem animais, não há pesquisa. Disponível em: http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_animais.html. Acesso em: 12 de agosto de 2014.
- LOUREDO, Paula. Animais de laboratório. Disponível em: http://www.brasilescola.com/animais/animais-laboratorio.htm. Acesso em: 12 de agosto de 2014.
- European Coalition to End Animal Experiments (ECEAE) Disponível em: http://www.eceae.org/pt. Acesso em 18/08/2014.
- Constituição Federal, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm. Acesso em: 12 de agosto de 2014.
- Haraway, Donna. (2011). A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horizontes Antropológicos, 17(35), 27-64. Retrieved August 18, 2014, Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832011000100002&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0104-71832011000100002. Acesso em 18/8/2014.
Fontes das
imagens:
- Vista-se.com.br - portal sobre veganismo e Direitos Animais do Brasil. (http://vista-se.com.br/veja-o-que-pensa-a-comunidade-cientifica-brasileira-sobre-testes-em-animais-para-produtos-cosmeticos/)
- Projeto Cienciando - divulgação de inovações, avanços e conteúdos da área de Ciências em geral. (http://projetocienciando.blogspot.com.br/2012/05/experimentacao-animal-crueldade-ou.html)
- Brasil escola (http://www.brasilescola.com/animais/animais-laboratorio.htm)
Autoria:
Maiara Pereira
Barreto (Licencianda de Ciências Biológicas – UFRJ / Bolsista PIBEX – IB – FE –
UFRJ)
David Geber (Graduando de Ciências Biológicas – UFRJ / Laboratório de Vertebrados – UFRJ)
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O que mais me chocou ao pesquisar o tema foram as fotos com a tortura de animais.
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