http://www.vozdabarra.com.br/deputados- uruguaios-aprovam-legalizacao-da-maconha/ |
Durante
séculos o homem usou ervas para tratar as enfermidades que o acometia, além de
usá-las em rituais. Com o advento da indústria elas passam a ser distribuídas
em grande escala como remédios. Assim sendo, o homem vem utilizando mais e mais
essas drogas, o que sabemos é que algumas podem levar a dependência química,
fazendo com que sejam utilizadas de forma ilícita, para satisfação pessoal,
como no caso da maconha. Em alguns países essa droga é liberada para a venda e
para o cultivo, podendo ser usada para consumo e tratamentos. Aqui no Brasil
ela é proibida, pois ainda é considerada uma droga ilícita.
Recentemente, divulgou-se o potencial medicinal de um composto químico,
o canabidiol (CBD), extraído da Cannabis
sativa, popularmente chamada de maconha, marijuana ou baseado que, segundo
estudos, além de ajudar no tratamento de alguns problemas de saúde como
ansiedade, insônia, dor neuropática, epilepsia e crises convulsivas, por
exemplo, auxilia também no tratamento do autismo e do câncer, diminuindo a
aplicação da quimioterapia e da radioterapia no paciente, além de minimizar os
seus efeitos colaterais - náuseas e vômitos. A empresa de biotecnologia
estadunidense "Cannabis Science" demonstrou propriedades de inibição de metástases, principalmente para o câncer de
mama, pelo fato de que o canabidiol conseguiu impedir a expressão excessiva do ID-1,
gene que permite o deslocamento de células entre tecidos distantes, evitando
assim que células tumorais espalhem-se pelo corpo.
Um
estudo publicado na "Nature Reviews -
Cancer" fornece uma explicação histórica e detalhada sobre como o THC
(principal psicoativo da maconha) e os canabidióis naturais que combatem o
câncer e preservam as células normais. Por esse motivo,
em vários países o seu uso medicinal já foi legalizado. “A
maconha tem uma variedade de componentes que geram efeitos farmacológicos, ela
possui efeito anti-inflamatório, analgésico, estimulador, sedativo e diminui a
pressão intraocular, náuseas, espasmos musculares e cólicas”, afirma o
pesquisador e neurobiólogo, da Universidade de Brasília, Renato Malcher Lopes.
Para
o membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia,
Vladimir de Andrade Stempliuk, o Conselho apoia a regulamentação do uso da
maconha. Para Vladimir,
“A proibição das
drogas tem sido o argumento principal para a criminalização da pobreza, do
extermínio e encarceramento massivo da juventude pobre e negra. Defendemos em
contrapartida a descriminalização das substâncias psicoativas e a garantia dos
direitos das pessoas que fazem o uso dessas substâncias, inclusive quando
necessário serem atendidas na rede de atenção psicossocial.”
Estudo
do economista Jeffrey A. Miron, da Universidade de Harvard, realizado em 2008,
estimou que “a legalização das drogas e a
formalização do mercado das drogas injetariam US$ 76,8 bilhões por ano somente
na economia dos Estados Unidos. Desse total, US$ 44,1 bilhões seriam poupados
de ações policiais do Estado. Outros US$ 32,7 bilhões poderiam ser arrecadados
na forma de impostos”.
No
Brasil a ANVISA ainda não legalizou o uso medicinal da erva Cannabis, pois ainda não possui
conhecimento suficiente sobre seus efeitos colaterais e a dosagem adequada em
pacientes para o tratamento de enfermidades. Afinal, a maconha ainda é mais
conhecida pela sua ação psicótica e viciante. Quando não é usada na dosagem
adequada e sob prescrição médica, pode levar a sérios danos na saúde como morte
de neurônios, perda de memória, taquicardia, aumento da pressão arterial,
redução dos reflexos, dentre outros.
Na
opinião de Emmanuel Fortes, psiquiatra e representante da Associação Brasileira
de Psiquiatria, a proposta de liberação da maconha é simplista. “Falar em liberação de droga no Brasil é
piada. O Brasil não controla nem a venda de cola de sapateiro, de bebida
alcoólica a menores. Não vai controlar maconha, crack ou cocaína”. Outro
argumento do psiquiatra aponta que: “é
impossível saber de antemão quem tem esquizofrenia latente ou psicose
maníaco-depressiva, por exemplo, e quem pode desenvolver essas doenças por
conta do contato com as drogas”.
Infelizmente,
pais que utilizam a droga para o tratamento de seus filhos, têm que conseguir a
Cannabis de forma ilegal. Além disso,
há a preocupação de que a droga venha misturada a outros componentes, podendo
dificultar ainda mais o uso para tratamento médico. Sendo assim, a sua
liberação para o uso terapêutico envolveria mudanças culturais, econômicas e
legais. Outros questionamentos: como ocorreria o processo de liberação? Por
exemplo, onde ela seria vendida? Quem poderia comprar? Qual a quantidade máxima
a ser vendida ao consumidor? Como seria a fiscalização de sua prescrição e venda?
Questões para o debate:
Pense
na frase e na imagem abaixo e tome uma posição:
“Acredita-se
que o Brasil não esteja ainda preparado para a legalização, pois legalizar não
é o mesmo que liberar”.
Assista o vídeo legendado Cannabis Cura Cancer! Ele fala do estudo publicado na revista "Nature Reviews-Cancer”. Disponível também em: http://www.youtube.com/watch?v=cOTMW3HVdCU.
Referências:
ALBERTS, Bruce; et. al. Biologia
Molecular da Célula. Porto Alegre: Artmed, 2010. p.G-23.
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BRASIL. Oposta à política atual, legalização das drogas é polêmica. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/dependencia-quimica/mundo-e-as-drogas/oposta-a-politica-atual-legalizacao-das-drogas-e-polemica.aspx>. Acesso em: 26 de nov. 2014.
CANNABIS SCIENCE. NBC
News Reports that Cannabidiol (CBD) "Turns
Off" the Cancer Gene Involved in Metastasis Findings by Scientists at
California Pacific Medical Center gives Scientific Support for Cannabis Science
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<http://www.cannabisscience.com/news-media/news-archive/190-nbc-news-reports-that-cannabidiol-cbd-turns-off-the-cancer-gene-involved-in-metastasis-findings-by-scientists-at-california-pacific-medical-center-gives-scientific-support-for-cannabis-science-initiatives>. Acessado em: 26 de nov. 2014.
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Acesso em: 21 de nov. 2014.
Autoria
Carlos Victor Dourado Batista - Bacharelando em Ciências Biológicas
Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida - Licencianda em Ciências Biológicas
Instituto de Biologia - UFRJ