No dia 17 de
março foi divulgada a Operação Carne
Fraca, maior da história da Polícia Federal, que investiga um
suposto esquema de pagamento de propina para agentes públicos com o objetivo de
emitir, sem fiscalização, certificados de adequação aos padrões sanitários da
carne vendida para consumo humano. A investigação também revelou os métodos e
ingredientes usados por mais de 40 empresas do setor alimentício para adulterar
o produto que consumimos. A Operação Carne
Fraca levantou uma discussão polêmica: como, nós os consumidores
saberemos se o que comemos é próprio para consumo? Como não sermos enganados
por empresários que querem baixar seus gastos de produção ao misturarem outras
substâncias aos alimentos para aumentarem seus lucros, desconsiderando os
possíveis danos que podem causar a população?
De acordo com a Polícia
Federal, frigoríficos envolvidos no esquema criminoso "maquiavam"
carnes vencidas e subornavam fiscais do Ministério da Agricultura para que
autorizassem a comercialização dos produtos sem a devida certificação.
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/viral/operacao-carne-fraca-se-torna-um-prato-cheio-para-internautas-veja-os-memes-rv1-1-21080219.html
"Eles usam
ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superior à permitida
por lei para poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau
cheiro". "Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne para
maquiar essa imagem ruim que ficaria se ela fosse exposta dessa forma.
Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados cinco, seis
vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de
cor fique bom também", explicou o delegado da Polícia Federal responsável
pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva.
O ácido ascórbico
- a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da Policia Federal como
um produto usado para mudar o aspecto da carne.
Ao anunciar a
operação, a Polícia Federal mencionou que empresas envolvidas no esquema de
corrupção "usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)". Em uma
das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia Federal, funcionários do
frigorífico BRF falam sobre o uso de papelão na área onde produzem CMS (carne
mecanicamente separada, comumente usada na produção de salsichas). No áudio, foi
possível ouvir:
Funcionário: o
problema é colocar papelão lá dentro do CMS, também né. Tem mais essa ainda. Eu
vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão,
daí infelizmente eu vou ter que condenar.
Luiz Fossati
(gerente de produção da BRF): aí tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não
vamos pagar rendimentos nisso.
Em nota, a
empresa BRF afirmou que "houve um grande mal-entendido na interpretação do
áudio capturado pela Polícia Federal". A empresa afirma que um de seus
funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O produto é
embalado normalmente em plásticos. "Na frase seguinte, ele deixa claro
que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar
o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.
O ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, disse que a narrativa da Polícia Federal na Operação Carne Fraca foi fruto de uma má
interpretação. "Isso de misturar papelão na carne é uma insanidade, uma
idiotice. As empresas investiram milhões de dólares, demoram mais de 10 anos
para consolidar mercado. E vão misturar papelão na carne? Pelo amor de Deus. A
narrativa nos leva a criar fantasia. A partir de uma fala, as redes sociais, a
mídia, cada um fala uma coisa", disparou. Segundo ele, a utilização de
ácido ascórbico e de cabeça de porco são permitidas pela legislação desde que
se respeitem as quantidades estipuladas. O ministro destacou que os agentes
federais não pediram informações técnicas ao Ministério da Agricultura, porque
funcionários da pasta estavam sob investigação. Ele disse, ainda, que a partir
de agora espera que as investigações da Operação Carne Fraca tomem "outro
rumo", já que dados técnicos deverão ser incorporados ao inquérito.
Para evitar
problemas, Pedro Eduardo de Felício, médico veterinário e especialista em carnes,
da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, afirma que os consumidores
devem conferir se os estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com
certificação de origem e de inspeção, mesmo após as acusações de corrupção de
inspetores federais.
"Este
escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre
mais de quatro mil inspetores. E o Ministério da Agricultura está tomando
atitudes para corrigir o problema. A partir de agora, todo mundo vai ficar
alerta”, afirmou Pedro Eduardo.
Questão para
debate:
Quem mais sairá
prejudicado da Operação
Carne Fraca: a empresa que
perdeu a possibilidade de exportar sua mercadoria ou o consumidor brasileiro
que está comendo carne “maquiada”?
Analise a imagem
abaixo e pense em uma alternativa para essa questão.
Richter,
André. Ministros do
STF criticam forma de divulgação da Operação Carne Fraca. Agência Brasil. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-03/gimar-mendes-e-dias-toffoli-criticam-forma-de-divulgacao-da-operacao>.
Acesso em 22/03/2017.
Mendonça,
Renata. Papelão e
substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na
Operação Carne Fraca. BBC Brasil. Disponível em:<
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39317738>.
Acesso em 22/03/2017.
Vaiano, Bruno. A real sobre o bife de papelão e outros mitos sobre carne. Super Interessante.
Disponível em:< http://super.abril.com.br/ciencia/a-real-sobre-o-bife-de-papelao-e-outros-mitos-sobre-carne/.>
Acesso em 22/03/2017.
Faggion, Andrea. A
carne de papelão na era “pós verdade”. O Estadão. Disponível em:<http://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/a-carne-de-papelao-na-era-pos-verdade/>.
Acesso em 22/03/2017.
Brasil 247. Ministro:
é "idiotice" achar que empresas misturam papelão com carne.
Disponível em:
<http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/285789/Ministro-%C3%A9-idiotice-achar-que-empresas-misturam-papel%C3%A3o-com-carne.htm>.
Acesso em 22/03/2017.
Autoria :
Juliana Lima de Asevêdo de Avelar Almeida
Licencianda em Ciências Biológicas/ Bolsista Pibex