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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Canabidiol: algumas faces da polêmica sobre a “droga” do amanhã





http://www.vozdabarra.com.br/deputados-
uruguaios-aprovam-legalizacao-da-maconha
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Durante séculos o homem usou ervas para tratar as enfermidades que o acometia, além de usá-las em rituais. Com o advento da indústria elas passam a ser distribuídas em grande escala como remédios. Assim sendo, o homem vem utilizando mais e mais essas drogas, o que sabemos é que algumas podem levar a dependência química, fazendo com que sejam utilizadas de forma ilícita, para satisfação pessoal, como no caso da maconha. Em alguns países essa droga é liberada para a venda e para o cultivo, podendo ser usada para consumo e tratamentos. Aqui no Brasil ela é proibida, pois ainda é considerada uma droga ilícita.


As drogas medicinais, que conhecemos como remédios, podem aliviar sintomas de doenças e até mesmo combatê-los. Para que elas possam ser vendidas, os fabricantes em seus laboratórios precisam comprovar que são seguras para consumo e que possuem um real efeito terapêutico.

Recentemente, divulgou-se o potencial medicinal de um composto químico, o canabidiol (CBD), extraído da Cannabis sativa, popularmente chamada de maconha, marijuana ou baseado que, segundo estudos, além de ajudar no tratamento de alguns problemas de saúde como ansiedade, insônia, dor neuropática, epilepsia e crises convulsivas, por exemplo, auxilia também no tratamento do autismo e do câncer, diminuindo a aplicação da quimioterapia e da radioterapia no paciente, além de minimizar os seus efeitos colaterais - náuseas e vômitos. A empresa de biotecnologia estadunidense "Cannabis Science" demonstrou propriedades de inibição de metástases, principalmente para o câncer de mama, pelo fato de que o canabidiol conseguiu impedir a expressão excessiva do ID-1, gene que permite o deslocamento de células entre tecidos distantes, evitando assim que células tumorais espalhem-se pelo corpo.




Um estudo publicado na "Nature Reviews - Cancer" fornece uma explicação histórica e detalhada sobre como o THC (principal psicoativo da maconha) e os canabidióis naturais que combatem o câncer e preservam as células normais. Por esse motivo, em vários países o seu uso medicinal já foi legalizado. “A maconha tem uma variedade de componentes que geram efeitos farmacológicos, ela possui efeito anti-inflamatório, analgésico, estimulador, sedativo e diminui a pressão intraocular, náuseas, espasmos musculares e cólicas”, afirma o pesquisador e neurobiólogo, da Universidade de Brasília, Renato Malcher Lopes.
Para o membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, Vladimir de Andrade Stempliuk, o Conselho apoia a regulamentação do uso da maconha. Para Vladimir,

“A proibição das drogas tem sido o argumento principal para a criminalização da pobreza, do extermínio e encarceramento massivo da juventude pobre e negra. Defendemos em contrapartida a descriminalização das substâncias psicoativas e a garantia dos direitos das pessoas que fazem o uso dessas substâncias, inclusive quando necessário serem atendidas na rede de atenção psicossocial.”

Estudo do economista Jeffrey A. Miron, da Universidade de Harvard, realizado em 2008, estimou que “a legalização das drogas e a formalização do mercado das drogas injetariam US$ 76,8 bilhões por ano somente na economia dos Estados Unidos. Desse total, US$ 44,1 bilhões seriam poupados de ações policiais do Estado. Outros US$ 32,7 bilhões poderiam ser arrecadados na forma de impostos”.

No Brasil a ANVISA ainda não legalizou o uso medicinal da erva Cannabis, pois ainda não possui conhecimento suficiente sobre seus efeitos colaterais e a dosagem adequada em pacientes para o tratamento de enfermidades. Afinal, a maconha ainda é mais conhecida pela sua ação psicótica e viciante. Quando não é usada na dosagem adequada e sob prescrição médica, pode levar a sérios danos na saúde como morte de neurônios, perda de memória, taquicardia, aumento da pressão arterial, redução dos reflexos, dentre outros.

Na opinião de Emmanuel Fortes, psiquiatra e representante da Associação Brasileira de Psiquiatria, a proposta de liberação da maconha é simplista. “Falar em liberação de droga no Brasil é piada. O Brasil não controla nem a venda de cola de sapateiro, de bebida alcoólica a menores. Não vai controlar maconha, crack ou cocaína”. Outro argumento do psiquiatra aponta que: “é impossível saber de antemão quem tem esquizofrenia latente ou psicose maníaco-depressiva, por exemplo, e quem pode desenvolver essas doenças por conta do contato com as drogas”. 
Infelizmente, pais que utilizam a droga para o tratamento de seus filhos, têm que conseguir a Cannabis de forma ilegal. Além disso, há a preocupação de que a droga venha misturada a outros componentes, podendo dificultar ainda mais o uso para tratamento médico. Sendo assim, a sua liberação para o uso terapêutico envolveria mudanças culturais, econômicas e legais. Outros questionamentos: como ocorreria o processo de liberação? Por exemplo, onde ela seria vendida? Quem poderia comprar? Qual a quantidade máxima a ser vendida ao consumidor? Como seria a fiscalização de sua prescrição e venda?




Questões para o debate:

Pense na frase e na imagem abaixo e tome uma posição:
“Acredita-se que o Brasil não esteja ainda preparado para a legalização, pois legalizar não é o mesmo que liberar”.





Assista o vídeo legendado Cannabis Cura Cancer! Ele fala do estudo publicado na revista "Nature Reviews-Cancer”. Disponível também em: http://www.youtube.com/watch?v=cOTMW3HVdCU.





Referências:

ALBERTS, Bruce; et. al. Biologia Molecular da Célula. Porto Alegre: Artmed, 2010. p.G-23.

BAPTISTA, Rodrigo. Especialistas defendem uso medicinal da maconha. 06 de Set. 2014. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/08/25/ especialistas-defendem-uso-medicinal-da-maconha>. Acesso em: 21 de nov. 2014.

BRASIL. Oposta à política atual, legalização das drogas é polêmica. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/dependencia-quimica/mundo-e-as-drogas/oposta-a-politica-atual-legalizacao-das-drogas-e-polemica.aspx>. Acesso em: 26 de nov. 2014.


CANNABIS SCIENCE. NBC News Reports that Cannabidiol (CBD) "Turns Off" the Cancer Gene Involved in Metastasis Findings by Scientists at California Pacific Medical Center gives Scientific Support for Cannabis Science Initiatives. 20 Setembro 2012. Disponível em: <http://www.cannabisscience.com/news-media/news-archive/190-nbc-news-reports-that-cannabidiol-cbd-turns-off-the-cancer-gene-involved-in-metastasis-findings-by-scientists-at-california-pacific-medical-center-gives-scientific-support-for-cannabis-science-initiatives>. Acessado em: 26 de nov. 2014.

YANO, Célio. Mais uma aplicação medicinal para a maconha. In: Ciência Hoje on line. 2011. Disponível em :http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/09/mais-uma-aplicacao-medicinal-para-a-maconha. Acesso em: 26 de nov. 2014.

KOPPEL, Barbara S.; BRUST, John C.M.; FIFE, Terry et al. "Systematic review: efficacy and safety of medical marijuana in selected neurological disorders. Report of the guideline development subcommittee of the American Academy of Neurology”. In: Neurology, nº82, 2014, p.1556- 63. Disponível em:< http://familiabrasil.org/revista/ojs-2.2.3/index.php/ENeuroatual/article/view/334/743>. Acesso em: 26 de nov. 2014.

MARTINS, Lucas. Drogas. Disponível em: <http://www.infoescola.com/drogas/>. Acesso em: 19 de nov. 2014.

MENEZES, Cynara.  A guerra de argumentos pró e contra a legalização da maconha. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/politica/ a-guerra-de-argumentos-pro-e-contra-a-legalizacao-da-maconha-106.html>. Acesso em: 21 de nov. 2014.


Autoria

Carlos Victor Dourado Batista - Bacharelando em Ciências Biológicas 
Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida - Licencianda em Ciências Biológicas 
Instituto de Biologia - UFRJ

           
  

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