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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

EBOLAVÍRUS: A AMEAÇA PERMANECE?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014) o vírus Ebola provoca uma doença aguda, grave, que muitas vezes é fatal se não tratada. A doença do vírus Ebola  apareceu pela primeira vez em 1976, em dois focos simultâneos, um em Nzara, no Sudão, e o outro em Yambuku, na República Democrática do Congo, seguido pelo foco em uma vila perto do Rio Ebola, que acabou por batizar a doença.


O atual surto na África Ocidental, cujos primeiros casos foram notificados em fevereiro de 2014, é o maior e mais complexo surto de Ebola verificado, com mais casos e mortes neste surto do que em todos os anteriores. O vírus se espalhou entre os países que começam na Guiné, em seguida, espalhou-se para além das fronteiras terrestres, atingindo Serra Leoa e a Libéria. Nestes países, entre fevereiro e agosto matou mais de 1.000 pessoas. Por via aérea (apenas 1 viajante disseminou este foco da doença)  chegou à Nigéria, e por terra (também levado por 1 viajante) atingiu o Senegal. Um surto isolado, não relatado do Ebola começou em Boende, Equateur, uma parte isolada da República Democrática do Congo.

Os países mais severamente afetados - Guiné, Serra Leoa e Libéria - têm sistemas de saúde insuficientes para impedir a doença, não dispõem de recursos humanos e de infra-estrutura, tendo apenas recentemente emergido de longos períodos de guerra civil e de instabilidade política. Em 8 de agosto de 2014, a Chefe da OMS declarou este surto “é uma “emergência de saúde pública internacional, que exige uma resposta extraordinária para ser contido”. “Os países afetados até o momento simplesmente não têm a capacidade de gerenciar um surto desta dimensão e complexidade por conta própria", disse Margaret Chan.

A família de vírus Filoviridae inclui três gêneros: Cuevavirus, Marburgvirus e Ebolavirus. Existem 5 espécies que foram identificadas: Zaire, Bundibugyo, Sudão, Reston e Floresta Tai. O três primeiros, Bundibugyo ebolavirus, Zaire ebolavirus e Sudão ebolavirus têm sido associados com grandes surtos na África. O vírus que vem causando o surto, em 2014, no Oeste Africano pertence à espécie Zaire (OMS, 2014).


Imagem: Organização Panamericana de Saúde


O vírus ebola é transmitido através do contato direto com fluidos corporais (sangue, urina, fezes, saliva etc), com a pele de pessoas ou animais infectados e pelo contato indireto em ambientes que foram contaminados (lençóis, roupas etc). Provoca febre, hemorragias, vômitos e diarreia. No dia 5 de janeiro a OMS afirmou que 8.153 pessoas morreram, de 20.656 casos conhecidos  na Libéria, Serra Leoa e Guiné.

VanRooyen professor de saúde global e da população na Harvard School of Public Health e Dyann Wirth diretora do Harvard Malaria Initiative afirmaram que é provável que os casos não tratados de Ebola cheguem aos Estados Unidos e a outros países desenvolvidos, mesmo se espalhando entre um pequeno número de indivíduos.  Já a União Europeia classificou o risco de propagação do Ebola no continente europeu como fraco, e afirmaram que no caso de contaminação estão preparados para enfrentá-lo.

Embora o Ebola tenha sido identificado pela primeira vez em 1976, a atual epidemia destacou lacunas no conhecimento sobre a doença, disse o Dra. Wirth. Ela vem trabalhando em uma vacina contínua, mas ressaltou que as escolhas difíceis pela frente serão sobre onde colocar recursos limitados de saúde pública. Tal fato se destaca a partir da crise financeira mundial e dos cortes nas verbas para saúde pública. Embora a epidemia tenha chamado atenção do mundo e de ter superado de longe o número de vítimas e infectados anteriores com o Ebola, o número de mortos continua a ser relativamente pequeno em comparação com outras doenças infectocontagiosas.

A malária, por exemplo, já matou cerca de 300.000 a 400.000 crianças com menos de 5 anos de idade apenas nos meses do atual surto de Ebola, disse a Dra. Wirth. E afirma que os líderes globais de saúde vão continuar a equilibrar as prioridades entre as necessidades já existentes na área de saúde e de novas doenças, como Ebola e SARS.

 “O Ebola está matando pessoas neste momento, mas também a malária, o HIV, a diarreia em crianças, assim também como as complicações relacionadas com a gravidez", disse Lynn Black, presidente do conselho de administração da Last Mile Health. “A questão é se o confronto com o ebola vai realmente fortalecer os sistemas de saúde”.

Paul Farmer, professor de Harvard, que trabalhou nas regiões mais pobres do Haiti, África, e outras partes do mundo, afirma:

“ninguém deveria estar morrendo de Ebola. Se tivéssemos o pessoal, material e sistemas adequados de saúde, poderíamos levar cuidados médicos e tratar os doentes. Afinal, até o momento, a maioria dos americanos atingidas pelo Ebola sobreviveram”.
O que acelerou a propagação da doença, de acordo com Farmer, foi a falta de um sistema de saúde que pudesse prestar assistência adequada. Cerca de 90 a 95% da Libéria não tem eletricidade, e há uma "enorme quantidade de trabalho a ser feito para obter os sistemas de saúde, mesmo para um nível medíocre”, afirmou. "Surtos são inevitáveis. As epidemias são opcionais”, conclui Farmer, citando o médico americano Larry Brilliant, que ajudou a liderar os esforços globais para erradicar a varíola.


QUESTÃO PRA DEBATE


Uma mulher que tinha viajado para região onde o vírus é disseminado ficou doente com febre e dor nas articulações. A mulher foi para uma clínica local e ao ver os sintomas e histórico de viagem da mulher, os médicos chamaram a polícia, o que a levou a fugir da clínica. A mulher morreu uma semana depois. Depois disso, sua irmã, marido e filho desenvolveram os sintomas do Ebola. Eles foram para um hospital do governo, e quando os médicos decidiram colocá-los em quarentena, o marido e o filho fugiram, atravessando a fronteira para a Guiné.

A partir desse caso discuta como a relação entre prevenção e informação pode ajudar no combate ao Ebola e a outras doenças infecto contagiosas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  • World Health Organization. Ebola virus disease. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs103/en/>. Acesso em: 5 de Jan 2015.
  • POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Ebola’s ripple effects. Disponível em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/09/ebolas-ripple-effects/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=09.11.2014%20%281%29>. Acesso em: 18 de Dez 2014.
  • POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Fewer clinics, less care. Disponível em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/08/fewer-clinics-less-care/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=08.18.2014%20%282%29>. Acesso em: 18 de Dez 2014.
  • POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Confronting Ebola. Disponível em:<http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/09/together-against-ebola/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=10.01.2014%20%281%29>. Acesso em: 03 de Jan  2015.
  • POWELL, Alvin; Harvard Staff Writer. Harvard Gazette. Epidemics are optional. Disponível em: < http://news.harvard.edu/gazette/story/2014/12/epidemics-are-optional/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=12.11.2014%201>. Acesso em: 03 de Jan  2015.


Assista este vídeo para esquentar o debate:

http://mais.uol.com.br/view/15142843







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                                Autoria

                Carlos Victor Dourado Batista - Bacharelando em Ciências Biológicas 
                 Juliana Lima de Asevedo de Avelar Almeida  - Licencianda em Ciências Biológicas 
                 Instituto de Biologia - UFRJ










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