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segunda-feira, 14 de julho de 2014

TRANSGÊNICOS: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

Transgênicos: problema ou solução?


Os genes são partes do DNA (ácido desoxirribonucleico) responsáveis pelas características dos seres vivos. Essas características podem ser físicas e fisiológicas. Um organismo geneticamente modificado (OGM) é aquele que possui qualquer alteração em seu genoma original. De acordo com essa definição, podemos, agora, caracterizar os transgênicos como OGMs os quais receberam parte do genoma (um gene específico) de outro organismo.

Se colocarmos em um organismo um determinado gene, como por exemplo, ligado à resistência a pesticidas em uma plantação, as ervas daninhas serão prejudicadas, e assim, a produção interessada não será eliminada pelo veneno.


Podemos citar outras vantagens apontadas pelos partidários dos OGMs, abaixo:

  •         Capacidade praticamente ilimitada de transferência de genes – É possível transferir para o organismo quantos genes forem necessários para sua resistência, crescimento ou mesmo aparência;
  •       Perspectiva lucrativa às grandes potências biotecnológicas e aos produtores rurais adeptos desta tecnologia - É possível manipular, reduzir ou erradicar as causas de perda da produção de alimentos;
  •          Capacidade de resistência às doenças e pragas;
  •          Diminuição do uso de pesticidas;
  •          Desenvolvimento mais acelerado da produção;
  •          Aumento da qualidade nutritiva.


Porém, nem tudo é somente sucesso e lucro. Devemos pensar também nos malefícios vinculados a essa prática; afinal, estamos modificando o material genético de um ser vivo! É nesse ponto que observamos um grande problema: poucos estudos acerca do tema estão sendo divulgados, dificultando a avaliação de riscos pela população consumidora destes produtos.


 Podemos citar alguns outros problemas, abaixo:

  •       Possíveis alergias, alterações no sistema nervoso e motor e danos severos ao fígado;
  •       Contaminação gênica;
  •       Ameaça à biodiversidade;
  •       Possível não-transferência do gene incorporado às gerações seguintes;
  •       O elo final, agricultores e consumidores ainda não possuem confiança nesses produtos (principalmente por serem “novos’ e por não terem dados conclusivos);
  •    Poucas pesquisas são realizadas e divulgadas justamente pela grande pressão econômica feita através dos grandes produtores da tecnologia. Assim, possuímos dados insuficientes relacionados ao consumo de longo prazo, nas áreas da saúde e ambiental;





Debatendo...

1 – Há pouco incentivo à pesquisa a respeito do impacto ambiental/saúde causado pelos transgênicos. Por que isso acontece?
2 – Como identificar produtos transgênicos industrializados? E os comercializados individualmente (“sacolões” e hortifruttis)?
3 – Quais outras questões podem ser abertas nas áreas de saúde, meio ambiente, ética e cultura relacionadas ao consumo de transgênicos?


Assista aos vídeos:

O mundo segundo a Monsanto (traduzido) - 1h50min


e

Milho transgênico pode provocar tumor - 2min





Fontes:

  • Camara, M.C.C. et al. Transgênicos: Avaliação da possível (in)segurança alimentar através da produção científica. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro. Vol. 16, n.3, jul – set. 2009, p.669-681.
  •  Valles, S. ‘Transgênicos sem manequeísmo’. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. VII(2), 493-98, jul. – out. 2000.
  • Cavalli, Suzi Barletto. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos.Rev.Nutri.Vol.14.suppl. 0.Campinas.2001.

  
Autores:

Whitaker Jean Jaques e Silva – whijeanjs@gmail.com
Nataly Lima – lima.p.nataly@gmail.com

Paula Regina de Almeida da Silva. – paulareginaaps@ig.com.br



2 comentários:

  1. Os comentários vão em duas partes. Parte I

    O texto enfoca apenas as plantas transgênicas usadas como alimentos. Microrganismos transgênicos produzindo uma variedade muito grande de insumos para a indústria (farmacêutica, de alimentos, de tecidos, etc.) fazem parte de nosso dia a dia há muito tempo e são muito úteis. Ninguém se dá conta disso, infelizmente.

    Quanto às plantas transgênicas atualmente no mercado do Brasil, elas se restringem a milho, soja e algodão. Todas são tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, ou ambas as coisas. Então, embora a nova geração de plantas transgênicas possa trazer variedades melhores do ponto de vista nutricional ou que permitam o plantio em terras degradadas ou ainda que requeiram menos água, até agora o que temos é aquilo que o agricultor mais precisa para os grãos e a pluma mais plantados: facilidade de manejo pela tolerância ao herbicida e menos uso de inseticida para controlar as pragas mais comuns das três culturas. A tolerância aos herbicidas também ajuda no ambiente, porque evita em grande parte o uso intensivo do arado, reduz o tráfego de máquinas na plantação e o consumo de água e combustível.

    Concluindo sobre as vantagens, elas são de grande porte, mas restritas: redução de água, combustível, arado e inseticida e, claro, aumento do lucro do agricultor (daí a compra sempre maior de sementes GM).

    Quanto às desvantagens, vamos por parte:
    a) Não há qualquer evidência de que os produtos no mercado tenham componentes alergênicos DIFERENTES daqueles comuns ao milho, à soja ou ao algodão. As proteínas recombinantes expressas nestas plantas são COMPROVADAMENTE não alergênicas.
    b) As alterações a órgãos e os danos à saúde só são vistos por um pequeno grupo de pesquisadores cujos trabalhos carecem da qualidade mínima para poderem ser aceitos pela comunidade científica. Uma análise detalhada pode ser encontrada em http://genpeace.blogspot.com.br/2014/07/o-perigo-dos-transgenicos-evidencias-e.html . Ao contrário, bilhões de pessoas e animais consomem alimentos formulados com transgênicos todos os dias faz 10 anos ou mais e não há qualquer relato de problema de saúde pública devido a isso. Além disso, todas as agências de avaliação de risco do Mundo consideraram estes produtos seguros, e não apenas a nossa CTNBio.

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  2. Parte II dos comentários


    c) Contaminação gênica: o milho, a soja e o algodão não são nativos do Brasil. Os dois primeiros não têm qualquer parente silvestre com quem possam trocar genes.O algodão tem um parente silvestre cuja distribuição está restrita a poucas áreas do Sertão do sub-médio São Francisco, onde a variedade GM não pode ser plantada. Por isso, a “contaminação” só pode ser de milho para milho. Qualquer produtor de milho sabe muito bem preservar suas sementes de cruzamentos indesejados e a contaminação ficaria restrita aos grãos colhidos de sua roça fronteiriça a um plantio transgênico. Isso não é um problema ambiental nem cultural, é uma questão econômica, em grande parte resolvida com as regras de coexistência entre variedades de milho que a CTNBio estabeleceu. O problema com a soja é nulo, porque a distância de polinização é ainda menor do que com o milho. No caso do algodão, que é polinizado por insetos, o problema ainda não apareceu porque os agricultores até se beneficiam dos transgenes (e demais alelos melhorados) que entrarem em suas roças por polinização aberta.
    d) Ainda a “contaminação”: a simples presença de um transgene ou de um alelo qualquer não é prejudicial. Seu impacto na diversidade, sim, mas isso é altamente improvável no caso do milho (e, menos ainda, nas demais culturas GM agora em uso). A ideia de que a simples presença do transgene reduz a pureza genética e destrói o valor da planta é bastante nazista.
    e) Biodiversidade: como mostrado acima, o impacto do milho, da soja ou do algodão GM no Brasil em nada pode afetar as plantas do país. Insetos não-alvo que frequentam as plantações poderiam ser impactados pelas variedades resistentes a inseto, mas para isso eles precisam ser de espécies próximas às das pragas, porque o mecanismo de ação da proteína Bt é muito específico. Até hoje nenhum inseto valorado foi comprovadamente impactado pelas plantas resistentes a insetos. Evidentemente, todos eles são dizimados pelos inseticidas agrícolas convencionais ou pelos “orgânicos” (calda de fumo, etc.).
    f) Descontinuidade da transmissão do transgene: simplesmente impossível, ou Mendel estaria redondamente errado.
    g) Confiança: o agricultor confia amplamente nos produtos que, usados dois ou três anos, lhe trazem lucro. No caso das variedades transgênicas de milho, soja e algodão a prova da confiança e a enorme porcentagem da adoção: 96 para a soja, 85% para o milho e 65 % para o algodão. Quanto ao consumidor, ele não está nem aí: basta perguntarem num supermercado o que significa o T dentro do triângulo amarelo que aparece numa porção de embalagens. A maioria não vai saber responder, prova de que nunca se interessou pelo problema.

    Quanto aos temas de debate, podemos questionar:
    a) Quem disse que há pouco incentivo ao estudo dos impactos dos transgênicos? Nos últimos 10 anos há mais de 2000 artigos sobre os mais diversos aspectos relacionados com a biossegurança dos OGM e nenhum produto novo é aprovado sem uma pilha enorme de dados que mostrem sua segurança (é só pedir uma cópia de um dossiê de liberação comercial à CTNBio para ver o volume de dados). O próprio CNPq abriu chamadas para biossegurança, incluindo OGMs.
    b) Rotulagem: o Brasil tem um decreto para rotular transgênicos, mas é um bocado incoerente. O resultado é que se obriga a rotular óleo (que, mesmo proveniente de um transgênico atual, nunca será diferente do óleo de uma planta convencional) e um monte de outras bobagens. Este é um assunto complexo que merece uma abordagem cuidadosa para não se sair dizendo bobagem por aí.
    c) Outras questões: há um mundo delas, mas para fins de organizar uma discussão, era bom separar o que é avaliação de risco (impacto biológico direto do OGM ao ambiente ou à saúde) do que é pertinente às outras etapas da avaliação de risco (os aspectos socioeconômicos e culturais, etc.).

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