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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Reintroduzir espécies exóticas ou não?

Reintroduzir espécies exóticas ou não?


 Alguns pesquisadores propõem fazer com que processos ecológicos perdidos há milhares de anos, no período em que ocorreu a divisão das Américas com o continente africano, ao final do Pleistoceno (época geológica caracterizada pelo surgimento e evolução do Homo sapiens), retornem através do transporte de populações de grandes vertebrados africanos e asiáticos para o continente americano. A ideia surgiu porque existe uma forte evidência de que a megafauna nas Américas da época foi levada à extinção pela caça executada por humanos (Martin & Klein, 1984), causando a perda de muitas interações ecológicas, como por exemplo, a dispersão de sementes e frutos comidos por esses animais extintos (Janzen & Martin, 1982). Segundo os pesquisadores que defendem esta opção, esta seria uma solução para os grandes mamíferos da África que hoje morrem encalhados em um continente com poucos recursos para a sua sobrevivência.


Estes ecólogos apoiam a reintrodução das espécies e esperam que os animais substituam os que desapareceram há 13.000 anos, e que tragam de volta os processos ecológicos que, indiretamente, foram interrompidos por seres humanos, o que permitiria a recriação dos ecossistemas naturais nas Américas antes das extinções. Eles defendem que a megafauna desses continentes compartilham suas histórias evolutivas. Além disso, há indícios na América do Norte que relatam a existência de frutos que eram comidos pela megafauna já extinta, e que poderiam ressurgir pelas interações ecológicas desaparecidas com a extinção.


Oliveira-Santos & Fernandez (2009), dizem que estes pontos são importantes, mas não são suficientes para se acreditar que a reintrodução seja uma boa alternativa para a conservação das espécies da megafauna africana. O maior problema seria restaurar interações perdidas sem o risco de contrair novas interações indesejadas, incluindo a disseminação de doenças. Muitas espécies poderiam adquirir novas funções ecológicas imprevisíveis quando introduzidas em um novo ambiente, muitas vezes levando as populações e comunidades nativas para destinos trágicos, como verificado em pesquisas sobre o controle biológico, onde metade das espécies introduzidas tornaram-se pragas (Hokkanen & Lynch, 1995).
Para Oliveira-Santos & Fernandez (2009), se a reintrodução ignorar essas lições, o risco de extinção e de redução irreversível das populações nativas de muitas espécies será elevado. Muitos estudiosos dizem ter pouca razão para acreditar que seria sensato introduzir muitos animais de grande porte, que potencialmente poderiam ter grandes efeitos sobre os ecossistemas de hoje e, em seguida, esperar que processos ecológicos semelhantes àqueles que existiam no final do Pleistoceno, sejam recriados nos dias de hoje. 


  VAMOS DEBATER...   

  • É possível prever se os efeitos da reintrodução de espécies em um ecossistema?
  • Será que a reintrodução de novas espécies seria umaalternativa para recriar ecossistemas e interações vividas há 13.000 anos?

Bibliografia:

  •  Oliveira-Santos, L.G.R. & Fernandez, F.A.S. Pleistocene rewilding, frankenstein ecosystems, and an alternative conservation agenda. Conservation Biology, Volume 24, nº 1, 4-6, 2010.
  •   Donlan, Josh et al. Re-wilding North America. Nature. Volume 436, 18 de agosto de 2005.

AUTORAS: 
Joice Silva Leite & Marina Maldonado Marins de Souza
(Licenciandas do curso de Ciências Biológicas/UFRJ)


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