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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Macacos: ser ou não ser? Do racismo à evolução biológica.

                       

  Macacos: ser ou não ser?Do racismo à evolução biológica.

Recentemente, um ato de racismo ocorreu em um jogo de futebol envolvendo um famoso jogador brasileiro. O racismo se manifestou quando uma banana foi lançada ao campo onde o jogador se preparava para cobrar um escanteio, o ato sugeria: “você é um macaco”!
Quais seriam os motivos por trás de tal gesto? Foi um ato de racismo? Desespero de uma torcida mal educada em meio a uma disputa do futebol?
O bom desse evento foi ter reacendido o debate: qual é a nossa semelhança com os primatas?
Saindo dos holofotes da mídia e tomando por base o conhecimento científico, podemos com certeza afirmar que o atirador de bananas pouco conhece sobre a genética humana, afinal TODO SER HUMANO possui 98,5 % de similaridade gênica com os primatas (1,2), e não só os de pele mais escura, como no caso o jogador Daniel Alves.  Além do mais, esta parece ser uma comparação superficial, afinal, o ambiente cultural do homem pode ser considerado mais rico que o dos primatas. Sob outro olhar, nós humanos seríamos apenas “o ponto mais desenvolvido de uma tendência do grupo taxonômico” ao qual pertencemos (2).

“Entre todos os mamíferos, os primatas distinguem-se como os animais que obtiveram maior êxito evolutivo. Uma de suas subordens, a dos antropoides, inclui o homem, de estreitas afinidades estruturais e bioquímicas com os demais,[...].” (3)  



 


 Consequências da polêmica: o caso foi registrado pelo árbitro do jogo como racismo, o torcedor banido do estádio de futebol e o Facebook bombou com a campanha “#somostodosmacacos”. O fato é que toda essa especulação levanta algumas questões importantes quanto à maneira como nos vemos e o que conhecemos sobre nossos parentescos com outras espécies animais.
Entretanto, existe outra face importante desta discussão. Por exemplo, existem políticas públicas, como as leis 12.711/2012 (Lei das cotas raciais) e a 1.390/ 51 (Lei contra o racismo), que implicam em enquadrar os indivíduos em padrões de acordo com a cor de sua pele. Consequência e causa de uma tentativa de divisão da população com relação à cor da pele, o que ‘justificaria’, dentre outras coisas, a exclusão de negros do mercado de trabalho ou do ensino superior público.
Mas, o que distingue a cor da pele? A pesquisadora Luciana Miot e seus colaboradores (2009) nos explicam:

acredita-se que as variações, na cor da pele, sejam ganhos evolutivos e estejam relacionadas com a regulação da penetração da radiação ultravioleta (RUV). A cor da pele humana normal é principalmente influenciada pela produção de melanina, um pigmento castanho denso, de alto peso molecular, o qual assume o aspecto enegrecido, quanto mais concentrado”. (4)

Também é importante saber que o pigmento caroteno (amarelo), a síntese de vitamina D na pele, a degradação de ácido fólico pela RUV, a resistência à exposição solar e variados elementos culturais são fatores que, juntos, interferem na cor da pele em diferentes locais do planeta.

Este ato de racismo demonstra que não só em nosso país existe segregação quanto à cor da pele. Também é perceptível que as políticas adotadas pelo governo brasileiro ao invés de solução do problema, acabam criminalizando ou criando paliativos de curto prazo. Do ponto de vista científico, não é possível visivelmente determinar a porcentagem negra ou branca de alguém. Geneticamente falando, isso só é possível mediante um exame de DNA.


  
Questão para debate:
Em grupos, discutir e montar uma tabela identificando as pessoas por características biológicas diversas, como por exemplo: cor de pele, cabelos, olhos etc. Depois analisar estes resultados e calcular qual é o grupo dominante em sala de aula. Fazer o mesmo levando em consideração as características socioeconômicas, como por exemplo: onde moram, renda familiar, onde estudam etc.
Ao final compare o resultado das duas tabelas. O que se pode concluir?



Bibliografia utilizada:
(1)   http://www.pnas.org/
(6)   MIOT, Luciane D.B. et al. Fisiopatologia do melasma. Anais Brasileiros de Dermatologia, 2009. Veja em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962009000600008
Imagens de reprodução da internet.

Autoria
 Maria Júlia Lima – 
(Licencianda em Ciências Biológicas –
 UFRJ / CCS / FE; Bolsistas PIBEX – UFRJ).





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